quarta-feira, 25 de maio de 2011

24/05/2011

A ressaca de Aracruz

Fonte Século DiárioEditorial 


Sete dias após o despejo compulsório das 330 famílias que ocupavam uma área no distrito de Barra do Riacho, a 23 km de Aracruz, o episódio parece que ainda está longe de ser digerido por certos setores da sociedade, que continuam inconformados com a maneira como a ação foi conduzida pela polícia, e aguardam as devidas explicações das "autoridades responsáveis". Para outros setores, incluem-se aí as “autoridades responsáveis”, a sensação é de ressaca seguida de uma terrível dor de cabeça.
Na sessão desta terça-feira (24) na Assembleia Legislativa, alguns deputados, com o retardo de uma semana, aproveitaram que a poeira baixou um pouco para se pronunciar sobre a desocupação de Aracruz.
O deputado do PDT, Marcelo Coelho, que tem grande parte do seu capital eleitoral no município, se sentiu na obrigação de puxar as manifestações de repúdio à ação da polícia. Coelho, no entanto, demonstrou que estava mais preocupado em não desapontar o governo a apontar o dedo para os “possíveis” culpados.
Coelho, que acumula a função de líder do governo na Casa, se preocupou em jogar para as costas do prefeito Ademar Devens o revés da operação. Ele lembrou que a reintegração de posse era uma demanda da prefeitura, portanto...
As considerações do deputado chegaram a menosprezar a inteligência dos que acompanharam mais de perto os capítulos da novela que começou em agosto do ano passado e teve um desfecho infeliz no último dia 18.
Esqueceram de dizer ao deputado que o próprio governador tem plena consciência de que é co-autor na ação. Afinal, nenhum prefeito é capaz de mobilizar sozinho um “exército” com mais de 400 policiais. Tanto é que Casagrande, também com certa demora, prometeu investigar o caso com rigor para apurar se houve excessos da polícia.
O governador está na banda daqueles que reconhecem que a operação foi desastrosa e agora tentam fazer o rescaldo da tragédia com todo o cuidado para evitar que novas fagulhas reacendam a polêmica; já Marcelo Coelho integra o grupo dos que, com as “melhores das intenções”, procuram tirar dividendos políticos do episódio que deixou uma mulher morta, diversos feridos e centenas de desalojados.
É bom lembrar que os deputados que falaram com o atraso de uma semana sobre a desocupação não explicaram porque não estiveram no "front" no fatídico dia 18 de maio, quando a população mais precisou dos que se intitulam representantes da sociedade.

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