terça-feira, 6 de março de 2012

O Jornal Estado de São Paulo denuncia Estaleiro Jurong.

05/03/2012 

Atraso nas obras de estaleiro Jurong
Aracruz ameaça planos para o pré-sal


Nerter Samora 


Um estaleiro “virtual”, mas com problemas para lá de reais. Esse é o panorama das obras do estaleiro Jurong Aracruz, no litoral norte do Estado. A demora no início das obras e a falta de mão-de-obra qualificada no Estado foram destaques na reportagem publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, nesse domingo (4). No entanto, os problemas são ainda maiores, já que a empresa vem descumprindo condicionantes para a instalação, como a absorção de trabalhadores locais.

A reportagem do Estadão narra uma visita às imediações do terreno onde será construído o estaleiro. Apesar do lançamento da pedra fundamental no último dia 19 de dezembro, os trabalhos de terraplanagem sequer foram iniciados – enquanto o prazo de conclusão deste trabalho era até o final de março.

A possível demora na conclusão dos empreendimentos e, sucessivamente, da entrega das embarcações, é apontada como um dos motivos de preocupação do mercado nas operações de campos do pré-sal, principal cliente do estaleiro.

De acordo com o texto, a expressão “estaleiros virtuais” foi cunhada pela presidente da Petrobras, Graça Foster, em entrevista para a mesma publicação. Ela se referiu aos estaleiros que devem ser construídos concomitantes às embarcações que produzem. No caso da Jurong Aracruz, seis navios-sondas deverão ser entregues à estatal. Embora os planos da companhia sejam muito maiores e prevêem encomendas para, no mínimo, os próximos trinta anos.

Além do problema com a execução da obra, outra preocupação apontada é a falta de mão de obra especializada para tocar o projeto. A reportagem traz uma entrevista com o governador Renato Casagrande, que resume as dificuldades na busca por trabalhadores ao setor estaleiro ser uma novidade no Estado.

Uma verdade que acaba contrastando com denúncias de entidades civis de moradores da região do empreendimento. Na última semana, o presidente da ONG Barra do Riacho, Valdinei Tavares, denunciou a suspensão do processo de seleção de pessoas da comunidade interessadas em se capacitar para trabalhar na empresa. A realização dos cursos foram uma das exigências previstas nas condicionantes para a emissão da Licença de Instalação (LI) à Jurong.

Segundo Tavares, o pedido de suspensão das obras foi encaminhado, no início de fevereiro, para o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). A denúncia aponta que a condução da seleção priorizou moradores de João Neiva, Fundão, Ibiraçu e Praia Grande que, segundo o representante da ONG, não vão sentir os impactos do empreendimento na mesma proporção dos moradores das comunidades de Barra do Riacho e Barra do Sahy.

A planta da Jurong Aracruz vai ocupar uma área de 825 mil metros quadrados, local onde a empresa irá construir e reparar navios plataformas que produzem, armazenam e escoam petróleo, além de navios sonda e plataformas de perfuração. O início da implantação do estaleiro está previsto para abril e maio e terá duração aproximada de dois anos.

O terreno foi doado pela prefeitura de Aracruz e o governo do Estado declarou a área de utilidade pública, garantindo a inclusão do estaleiro no rol de beneficiadas com incentivos fiscais, dentro do Programa de Incentivo ao Investimento no Estado (Invest-ES).

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