Jurong se compromete a priorizar trabalhadores de Barra do Riacho e Barra do Sahy em obras do estaleiro
Embora obrigada, empresa não vem cumprindo condicionantes definidas no licenciamento ambiental
Manaira Medeiros
13/04/2014 11:29 - Atualizado em 13/04/2014 11:38
Os trabalhadores de Barra do Riacho e Barra do Sahy, em Aracruz, norte do Estado, terão prioridade na contratação para as obras do estaleiro Jurong. A empresa de Cingapura firmou esse compromisso com representantes da sociedade civil organizada, em reunião nesta semana. Embora obrigada, a Jurong não vem cumprindo condicionantes definidas no licenciamento ambiental do empreendimento.
A Jurong deveria contratar pelo menos 80% de mão de obra local para todas as atividades referentes ao estaleiro. Ao invés disso, tem empregado trabalhadores de fora da área de sua influência direta.
Os moradores reivindicam que primeiro sejam priorizados os trabalhadores das principais áreas afetadas pelos impactos sociais e ambientais das obras, que são Barra do Riacho e Barra do Sahy. Depois da sede do município de Aracruz e, por último, de Fundão, incluído indevidamente no Estudo de Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) como área de influência direta.
A sociedade civil tenta reverter a situação no Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). Após denúncia formalizada pela ONG Amigos de Barra do Riacho, o órgão se comprometeu, também esta semana, a realizar um estudo para dimensionar os impactos gerados pelas obras do estaleiro.
O presidente da entidade, Herval Nogueira, destaca que a sociedade civil reivindica ainda a contratação de trabalhadores para funções especializadas. Hoje, a Jurong destina à mão de obra local, principalmente, empregos para auxiliar. Para as demais funções, com os melhores salários, são contratados profissionais de outras regiões.
“Temos muitos profissionais capacitados”, pontuou Herval. Segundo ele, com frequência saem ônibus de Aracruz com trabalhadores para atuarem em obras de outros estados. “Eles têm que fazer essas paradas distantes para conseguir sobreviver”.
Herval calcula que, atualmente, são 1.200 os trabalhadores que atuam nas obras do estaleiro, da região e de fora. A questão de alojamento apropriado é outro compromisso que a Jurong não vem cumprindo. Ele alerta que a empresa não oferece boas condições. “Geralmente coloca dez trabalhadores em uma casa, com apenas um banheiro”, relatou.
O presidente da ONG Amigos de Barra do Riacho diz que agora a sociedade civil irá aguardar o posicionamento da empresa em relação ao compromisso firmado. Caso a Jurong continue a descumprir a condicionante do licenciamento ambiental, serão realizados novos protestos como os registrados no mês passado, impedindo as obras no estaleiro.
“A união e empenho da sociedade civil são a única forma de consolidar mudanças. Essa Copala-EJA [Comissão Permanente de Acompanhamento do Licenciamento Ambiental do Estaleiro Jurong Aracruz] é uma comissão do sistema, que não tem poder deliberativo, e só quer protelar a situação em favor da Jurong”, disparou.
Desde 2010, o município recebe trabalhadores de diversas partes do País, atraídos pelas promessas de emprego oferecidas pela Jurong. Estas, no entanto, não passam da fase de obras. Depois, esse contingente populacional engrossa os bolsões de miséria da região, agravando os problemas sociais já registrados, como aumento da criminalidade e da prostituição e carência de serviços básicos para a população de saúde e educação.
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