quarta-feira, 9 de março de 2011

Eleição no tapetão Prefeitos pendurados na Justiça colocam a eleição de 2012 em foco

Na Justiça tramitam processos contra alguns prefeitos do interior do Estado que podem mudar o cenário das eleições 2012. Século Diário analisa os problemas que alguns administradores vão encontrar na segunda parte de seus mandatos.
Renata – Em alguns municípios, a disputa eleitoral terá um ingrediente a mais em 2012. É que muitos prefeitos estão com sérios problemas na Justiça e têm que acertar a vida para poder concorrer ou à reeleição ou para conseguir fazer seus sucessores. Essa questão é complicada. Em alguns casos há sim um clima de perseguição política, com as forças derrotadas na eleição de 2008 tentando vencer no “tapetão”. Por outro lado, há verdadeiros assaltos ao erário público que impossibilitam a permanência do agente público à frente das administrações municipais. Perseguição ou crime, as atitudes da Justiça vão influir de forma negativa para os prefeitos que têm problemas com a Justiça.
Nerter – Um dos primeiros casos de ingerência da Justiça em prefeituras aconteceu em Aracruz (norte do Estado). Há cerca de quatro meses o prefeito reeleito em 2008, Ademar Devens (PMDB), está afastado do cargo público. O vice dele, Jones Cavaglieri (PSB), ocupa o cargo e deve disputar a eleição buscando a reeleição. Mas, para se viabilizar, deverá superar os problemas trazidos pelo desgaste na prefeitura. Apesar do choque de gestão promovido pelo socialista, o clima de instabilidade política impera no município. Bom para o adversário, Marcelo Coelho (PDT), que é oposição e está fortalecido com a escolha para a liderança do governo.
Renata – Outro caso que não deve ter volta é o de Santa Leopoldina (região serrana), com o afastamento do prefeito Ronaldo Prudêncio (PDT), por envolvimento em fraude em licitação, crime desbaratado pela “Operação Moeda de Troca”. Operação essa que pode levar ainda outros administradores municipais, já que o esquema também está sendo investigado nos municípios de Presidente Kennedy (extremo sul do Estado), onde o prefeito é Reginaldo Quinta (PTB), e na Serra, de Sérgio Vidigal (PDT).
Nerter – Por falar em Sérgio Vidigal, esse não é o único problema dele. Corre firme, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o processo que pede a cassação da deputada federal Sueli Vidigal (PDT), mulher do prefeito. O crime é de abuso de poder econômico e pode respingar no Sérgio, que é acusado de usar a máquina em favor da campanha eleitoral de Sueli Vidigal. Mais uma vez, quem se dá bem nessa história é o adversário dele no município, o deputado federal Audifax Barcelos (PSB). Como Vidigal e ele são as principais forças políticas do município, tirando um da disputa, o caminho fica livre para o outro. Mesmo que Vidigal consiga se desvencilhar dessas ações, o estrago na imagem já foi feito e terá reflexo na eleição, até porque a administração foi afetada pelas polêmicas.
Renata – Isso, somado às dificuldades financeiras da prefeitura, se transforma no cenário ideal para a oposição. Em muitos casos, os agentes políticos conseguem driblar as condenações na Justiça, mas a repercussão é inevitável. É só ver o exemplo da ex-deputada estadual Aparecida Denadai (PDT), implicada no esquema da “Moeda de Troca”, que não conseguiu se reeleger para a Assembleia e pode ficar ainda pior, se for confirmada na Justiça a inelegibilidade dela, pedida pelo Ministério Público Eleitoral (MPE). Ela que é primeira suplente da coligação do PDT, fica na esperança da vaga de Marcelo Coelho, que acabamos de comentar. Caso seja condenada, não poderá assumir a vaga na Assembleia e sequer disputar a prefeitura de Cariacica em 2012, como vem sendo cotada.
Nerter – Mais para o norte do Estado, a situação é delicada em Linhares. Por lá, a eleição também vem sendo polarizada nos últimos anos entre o atual prefeito Guerino Zanon (PMDB) e o deputado estadual José Carlos Elias (PTB). A condenação que saiu essa semana de malversação do erário contra o peemedebista, sentenciado à perda do mandato e a ressarcir o município em cerca de R$ 7 milhões complicou ainda mais a situação de Guerino, que já não era boa com a população. O prefeito teve a administração mal avaliada em recentes pesquisas e ainda tem que lidar com o fortalecimento de seu principal adversário. Elias chega à Assembleia após dois anos sem mandato e com um discurso afiado de candidato. Disse que só não será candidato se o matarem. Outro elemento complicador para Guerino foi o ressurgimento do ex-prefeito Luiz Durão (PDT), que pode ser o fiel da balança entre Zanon e Elias.
Renata – Na região sul, a situação também é complicada para o prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, Carlos Casteglione (PT). Desde que tomou posse, rompendo a tradição política entre os grupos de Roberto Valadão (PMDB) e Theodorico Ferraço (DEM), Casteglione vive às voltas com a insatisfação do eleitorado. Sob fogo cruzado da Câmara de Vereadores, esteve às portas da Justiça algumas vezes. Agora vê um sério risco de não conseguir a reeleição, devido ao crescimento de Thedorico Ferraço. Como Valadão tem também problemas com a Justiça, fica o demista com o campo bastante aberto, ainda mais porque o outro deputado estadual do município, Glauber Coelho (PR), é fã de carteirinha de Ferração. Casteglione tem como aliado o secretario de Assistência Social e Direitos Humanos, Rodrigo Coelho (PT), mas como isso vai se reverter em capital político, ainda não é possível mensurar.
Nerter – Outra situação de destaque acontece em Guarapari. Lá, o campo está embolado. O mercado político ainda analisa se o atual prefeito Edson Magalhães (PPS) pode concorrer à reeleição. Ele foi e voltou na prefeitura durante a gestão de Antonico Gottardo, causando uma dúvida jurídica sobre sua incompatibilidade com o cargo. Além disso, Magalhães é alvo de várias ações na Justiça e vê a ascensão do agora presidente da Assembleia, Rodrigo Chamoun (PSB)...
Renata – Ué, mas o Rodrigo Chamoun assumiu a presidência dizendo que não iria se candidatar a prefeito de Guarapari...
Nerter – Ah, minha amiga! Lembra que o Guerino Zanon quando assumiu a presidência da Assembléia, em 2007, também jurou de pés juntos que não iria ser candidato em 2008? Vieram as eleições e o que aconteceu? Zanon na campanha pela prefeitura de Linhares. E olha que não concorrer era um requisito colocado pelo palácio Anchieta na época, para o apoio à candidatura do peemedebista para a Casa. Aliás, Elcio Alvares (DEM) assumiu dizendo que iria encerrar a vida pública, e olha ele aí reeleito em 2010, para mais quatro anos de Assembleia. Já deu para ver que esse tipo de promessa não passa de mera bravata.
Renata – Agora, um grande exemplo de como o quadro político pode ficar refém da Justiça é Jaguaré (norte do Estado). Desde que o município foi emancipado, no início da década de 1980, é uma raridade prefeito cumprir os quatro anos de mandato. No ano passado, Sávio Martins (PMDB), sempre ele, conseguiu vencer uma batalha que já havia travado em outras gestões. Levou a questão para a Justiça e forçou novas eleições municipais, vencendo o pleito. Em 2012, vai disputar a reeleição contra o ex-prefeito, Rogério Feitani, que só virou prefeito devido a uma das ações que Sávio moveu na Justiça para retirar o grupo do ex-prefeito Evilázio Altoé da administração municipal. Ou seja, por lá, a coisa parece um circulo vicioso, que tem levado a constantes eleições extemporâneas.
Nerter – O caso de Jaguaré serve de alerta para esses municípios citamos acima. Em todos eles, a situação política caminha ao lado da jurídica. E quem sai prejudicado, com sempre, é o eleitor, que em alguns momentos fica perdido sobre qual o caminho tomar. Enquanto se perdem em brigas na Justiça, a administração municipal fica refém da canetada.

FONTE: Nerter Samora e Renata Oliveira
 

Um comentário:

Anônimo disse...

Como cidadã,comprometida com a verdade,fico feliz e orgulhosa com o trabalho do Ministério Publico do Es,e com o povo que de certa forma contribuiu com a apuraçao dos fatos.A hora é essa,precisamos nos envolver com a política afinal quem sofre é o povo.Gostaria de Parabeniza especialmente o EXMo promotor Dr Jeferson Muniz Valente.