Jurong não tem estrutura de saúde para atender trabalhadores
Funcionários do canteiro de obras do estaleiro se sentiram mal e superlotaram o já carente PA da Barra do Riacho
Any Cometti
16/04/2014 14:00 - Atualizado em 22/04/2014 15:06
Mais de 20 funcionários da empreiteira Loyman, que presta serviços à
Jurong na construção do estaleiro em Aracruz, norte do Estado, tiveram
um mal-estar na manhã desta quarta-feira (16) e, devido à falta de
estrutura adequada de atenção à saúde no canteiro de obras, tiveram que
ser atendidos no Ponto Atendimento (PA) de Barra do Riacho, localidade
onde se localiza o empreendimento.
A informação é da ONG Amigos da Barra do Riacho, que acompanha de perto
os impactos da instalação do Estaleiro Jurong Aracruz (EJA). Segundo
Herval Nogueira Junior, presidente da entidade, o problema está na falta
de estrutura de assistência básica na construção do estaleiro, e não no
fato de a estrutura já existente ter que ser revertida para o
atendimento dos trabalhadores que, logicamente, têm direito à atenção
pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A ONG ainda não identificou a origem
da contaminação, mas atenta para a desorganização nas obras do
estaleiro.
Herval ainda lembra que o problema acontece em uma época em que os
moradores da Barra do Riacho lutam pela melhoria no atendimento do PA
que, por exemplo, só funciona por 12 horas. Muitos moradores deixaram de
ser atendidos por conta do mal-estar que acometeu os trabalhadores da
Jurong em horário de trabalho, que deveriam ser atendidos por uma
estrutura de saúde disponibilizada pela própria empresa.
Desde 2010, o município recebe trabalhadores de diversas partes do
País, atraídos pelas promessas de emprego oferecidas pela Jurong. Estas,
no entanto, não passam da fase de obras. Depois, esse contingente
populacional engrossa os bolsões de miséria da região, agravando os
problemas sociais já registrados, como aumento da criminalidade e da
prostituição e carência de serviços básicos para a população de saúde e
educação, como observado no acontecimento desta quarta-feira.
Desde o ano passado, o Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil
do Estado (Sintraconst) vem organizando ações que têm como norte a
melhoria das condições de trabalhos no canteiro de obras da Jurong e,
inclusive, foram alvo de criminalização por parte da empresa, que os
acusou de atrasarem a construção da primeira sonda, chamada de
Arpoador.
As principais reivindicações são melhoria no valor do salário da função
de operador de guindaste; aumento na cesta básica para o valor de R$
750; horas-extras no valor de 70% durante a semana e 150% aos sábados,
domingos e feriados; e realização da eleição da Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes (Cipa) das empresas recém-chegadas, além de um
espaço para refeições, centro de vivência, número maior de banheiros e
cartão-alimentação.
Outra reivindicação é a priorização da empregabilidade aos moradores
que sofrerão os impactos sociais e ambientais diretos da construção do
estaleiro. Em reunião na semana passada, a Jurong se comprometeu a dar
preferência aos trabalhadores de Barra do Riacho e Barra do Sahy na
contratação para as obras do estaleiro. Embora obrigada, a Jurong não
vem cumprindo condicionantes definidas no licenciamento ambiental do
empreendimento, como esta, que determina que 80% da mão de obra do
estaleiro, tanto em fase de instalação como em fase de operação, devem
ser destinadas à população local.
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