segunda-feira, 7 de maio de 2012

Com a responsabilidade que temos, publicamos matérias que realmente são relevantes para sociedade confira mais uma matéria bombástica.


Iema recebe relatório de impactos de mais
uma etapa do Terminal GNL da Petrobras


Flavia Bernardes 


Está com o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) relativo à Regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL), parte do Terminal de GNL da Petrobras. O empreendimento será construído em área adjacente à do Terminal Aquaviário em Barra do Riacho, Aracruz (norte do Estado), em uma área de influência direta do rio Riacho.

A localização representa constante conflito entre a cultura tradicional pesqueira e a reserva industrial incentivada pelo governo do Estado. É ainda onde operam os portos privativos da Aracruz Celulose (Fibria) e da Petrobras e onde é construído o estaleiro Jurong. 

Nesta área também está a Área de Proteção Ambiental Costa das Algas, de uso sustentável, localizada a 4,6 km de distância do empreendimento e 5% de Áreas de Preservação Permanente (APPs), com 59,21% de suas áreas recobertas por vegetação nativa. O empreendimento não é bem visto nem por ambientalistas, nem por pescadores da região.  

Ao todo, o terminal da Petrobras irá suprimir 10,18 hectares em APPs na região e ficará situado às proximidades do Mosaico da Foz do Rio Doce, reconhecido pela Portaria 489/2010, do Ministério do Meio Ambiente, por abrigar diversos ambientes severamente ameaçados, tais como a floresta de tabuleiros, a floresta de aluvião e a restinga, além de abranger seis Unidades de Conservação (UC) e suas respectivas zonas de amortecimento. 

O resultado, disso, alertam ambientalistas, é a intensificação dos prejuízos já sentidos na região, tal como a restrição de áreas para pesca; a perda de vegetação nativa; o aumento do tráfego de embarcações, que prejudica não apenas os pescadores, mas animais de grande porte como as baleias Jubarte, que passam anualmente na região rumo à área do arquipélago de Abrolhos, além de inchaço populacional, entre outros problemas sociais. 

A informação, segundo o Rima, é que o município passou de 64.637 habitantes em 2000 para 81.746 habitantes em 2010. Para a população, o aumento de 17.108 habitantes em dez anos se reflete de forma desordenada no funcionamento da cidade, que atualmente sofre com graves problemas de habitação, saúde, segurança e desemprego. 

A ocupação do litoral norte do Estado por grandes empreendimentos também gerou uma participação do município de apenas 3,35% em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), e o número de empregos também não é compatível com o crescimento proporcionado após a industrialização na região. Ao todo, o setor industrial do município de Aracruz emprega 5.487 postos de trabalho, o que corresponde a 21% do total de empregos na região, conforme dados coletados em dezembro de 2010 e descritos no Rima. 

Nesse contexto, além da população, quem mais reclama são os pescadores. Cansados de alertar para a destruição da cultura local, apontam que os empreendimentos estão destruindo a biodiversidade da região. 
Segundo o estudo, serão impactados grupos de insetos ameaçados e endêmicos - que só existem naquela região. A área onde o empreendimento construirá um píer de atracação, um terminal terrestre e gasoduto de interligação entre o terminal e o gasoduto Cacimbas-Vitória, é a mesma ocupada por 27 tipos de mamíferos e freqüentada por 164 espécies de aves. 

É nesta região, por exemplo, onde vive uma espécie endêmica da mata atlântica: o sagüi-de-cara-branca (Callithrix geoffroyi). “Animais como macaco prego, gato-do-mato e ouriço preto  são registrados na região do empreendimento, conforme levantamento de dados secundários,  registrados no Livro Vermelho de Espécies Ameaçadas de Extinção”, diz o Rima. 

Para os pescadores, o distrito de Barra do Riacho, que se manteve durante décadas da atividade pesqueira, vem sendo obrigado a mudar o seu cotidiano para aprender a conviver com os empreendimentos da região, entretanto, não foi visto até agora melhora na qualidade de vida da população. 

Gás natural 

O terminal abrigará um sistema de regaseificação de GNL com o objetivo de permitir a produção de Gás Natural (GN) a partir do Gás Natural Liquefeito (GNL). O abastecimento de GNL será feito por navios metaneiros. O GNL será armazenado em tanques criogênicos e, posteriormente, passará pelo processo de regaseificação, transformando-se em GN, para então ser injetado no Gasoduto Cacimbas – Vitória.

A informação no Rima é que quando o GN é mantido a temperaturas abaixo de -161°C ele se torna GNL. O GNL ocupa um volume cerca de 600 vezes menor que a mesma quantidade de GN, facilitando o armazenamento e o transporte por navios. No entanto, para ser transportado por gasodutos, precisa ser novamente convertido em GN.


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