sexta-feira, 30 de setembro de 2011

AUDIÊNCIA COMUNITÁRIA DIA 04 DE OUTUBRO, REALIZAÇÃO ONG AMIGOS DA BARRA DO RIACHO.

29/09/2011 

População se reunirá para discutir
impactos dos empreendimentos no norte


Flavia Bernardes


A comunidade da Barra do Riacho, em Aracruz, se reunirá no próximo dia 4 para discutir os impactos dos empreendimentos instalados na região em detrimento do bem-estar da população local. Segundo a ONG Amigos da Barra do Riacho, que organiza o evento, participarão do debate os moradores da região, ONGs e entidades ligadas ao comércio local e líderes religiosos da região.
Segundo a ONG, os temas estão listados assim: obras impactantes implantadas sem consulta da comunidade; falta de estrutura local; a ilusão de geração de emprego; segurança pública e saúde.
O objetivo é discutir com a sociedade, sem interferência de representantes das empresas – conforme é feito durante audiências públicas - sobre os problemas vividos na região.
Entre as reclamações da comunidade estão o aumento da violência, a falta de infraestrutura na saúde e na educação, o inchaço populacional, o tráfico de drogas, o desemprego e o descaso com as comunidades tradicionais, obrigadas a dar lugar aos empreendimentos implantados na região.
Os problemas, relatam os moradores, começaram com a implantação da ex-Aracruz Celulose, na década de 70, quando a cidade cresceu de forma desordenada e muitos trabalhadores ali chegaram em busca de emprego, acabando por contribuir para a formação de bolsões de miséria após a conclusão das obras da empresa.
O crescimento desordenado continuou quando a própria empresa desviou as águas do Rio Doce para abastecer suas indústrias de celulose, paralisando em até três meses a atividade de pescadores da região, impedidos de sair com seus barcos – encalhados – devido à falta de vazão na boca do rio Riacho.
Tais fenômenos desequilibram o funcionamento da região. Alguns pescadores abandonaram a profissão devido aos constantes problemas, enquanto trabalhadores que atuaram fase de construção da então Aracruz (hoje Fibria)  e do Portocel (porto particular da Fibria) engrossavam a lista de desempregados.
A população alerta que, assim como no passado, os novos empreendimentos repetem o discurso de geração de emprego para os moradores da região; capacitação de mão de obra; fomento das atividades locais e crescimento sustentável. Na prática, porém, não é isso o que ocorre.
A informação da Associação dos Moradores de Barra do Riacho é que as empresas não possuem, sequer, 50% de mão de obra local e não cumprem as condicionantes definidas no processo de licenciamento. Além disso, ignoram as cobranças da população durante as audiências públicas e se apropriam de áreas fundamentais de lazer e do meio ambiente.
No caso do Portocel, por exemplo, são prometidas ações para garantir o desassoreamento da região há mais de 6 anos, sem sucesso. Outro projeto que impactará a região e que já começou a ser construído é o projeto do Terminal Aquaviário de Barra do Riacho e Dutos Cacimbas, da Petrobras. E não cessam as reclamações sobre a atuação da estatal na região. O material da dragagem feita pela empresa no mar da região foi despejado de forma imprópria, prejudicando a pesca do camarão rosa e mantendo os pescadores em constante alerta de perigo devido ao trânsito das embarcações fora da rota determinada pelo órgão ambiental.
A construção de um estaleiro da Jurong em Barra do Sahy, em Aracruz, também preocupa a comunidade. O empreendimento será construído mesmo após o parecer negativo emitido pelos técnicos do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), após a constatação de danos irreversíveis para a região.
Segundo Jean Carlo Pedrini, que é membro da Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), ex-presidente e diretor da Associação de Moradores da Barra do Sahy por 11 anos, microempresário da região e membro diretor da Associação das Empresas de Turismo de Aracruz  (Aeta), há décadas as comunidades, através de suas lideranças comunitárias e de movimentos sociais, levantam debates e denunciam os problemas constituídos pelas mesmas empresas na região, sem sucesso.
Segundo Pedrini, desde a implantação da 1ª planta industrial da Aracruz Celulose (Fibria) as comunidades da orla são usadas como depósito de “colaboradores” (trabalhadores vindos das mais remotas regiões do País, sem haver estrutura no município ou da empresa para recebê-los), gerando bolsões de miséria e problemas nunca existentes na região.
A audiência comunitária para discutir os problemas ambientais, sociais e econômicos gerados pelo desenvolvimento desordenado na região se realizará as 19h na Associação Comunitária da Barra do Riacho.

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