Muitas autoridades e lideranças no batizado do novo navio da Portocel, estavam a contento com o magnifico evento e demonstravam um ligeiro esquecimento da falta de geração de emprego de responsabilidade com meio em que vivemos e desrespeito com a comunidade com o não comprimento das condicionantes da Portecel I e a falta de Audiências Públicas para Portecel II que vem por ai.
Expansão do Portocel vai agravar impactos em Barra do Riacho
Projeto da Aracruz Celulose foi anunciado nessa terça, com a presença de autoridades do Estado
27/02/2013 17:17 - Atualizado em 27/02/2013 17:30
kauê Scarim
A Aracruz Celulose (Fibria) apresentou, nessa terça-feira (26), em Barra do Riacho, Aracruz (norte do Estado), o projeto de expansão do Portocel, seu terminal portuário especializado em celulose. A apresentação consistiu no primeiro embarque realizado pelo navio STX Brassiana, o segundo de uma frota própria de 20 navios – cada um com capacidade de 54 mil toneladas –, que a empresa terá até 2014, após ter assinado contrato com a empresa sul-coreana STX Pan Ocean.
Mais do que a ampliação portuária, o evento indicou outro empreendimento da empresa: o fortalecimento do projeto da Aracruz de construção de sua 4ª planta industrial. Como se já não bastassem os impactos sociais e ambientais provenientes dos projetos já existentes, a expectativa é que a expansão do Portocel impulsione a implantação da nova unidade.
Pomposa, a apresentação do novo navio – sucessor do STX Arborella, o primeiro a atracar em Portocel – contou com a presença de diversas autoridades do Estado e do próprio governador Renato Casagrande.
O tom do evento foi o de sempre: as grandes empresas contribuindo para o desenvolvimento pleno do Espírito Santo. Com a ampliação, o Portocel, que hoje exporta 70% de toda a celulose do País, vai ter capacidade para movimentar também outros produtos, como café, produtos siderúrgicos e fertilizantes, bem como para receber navios de grande porte, que hoje não encontram no Estado nenhum local para atracar.
Assim, a Aracruz estaria praticamente resolvendo, no lugar do Estado, um grande problema: a insuficiência – ou “gargalo” – portuária hoje existente no Espírito Santo, que, nas palavras do governador, “tem travado nosso desenvolvimento”.
Porém, como sempre, pouco – ou, na verdade, nada – foi falado em relação aos impactos socioambientais dos empreendimentos da empresa. Nem mesmo houve discussão com os moradores, os que mais sofrem com os monstruosos projetos da Aracruz.
“Eles fazem esses novos empreendimentos sem querer saber se há impactos ambientais, sociais ou na saúde”, critica Herval Nogueira Júnior, presidente da ONG Amigos da Barra do Riacho. Segundo ele, o município já não possui estrutura para receber projetos.
Além disso, ele critica a falta de discussão com a população. Apesar de se constituir enquanto uma política de governo, os projetos desenvolvimentistas não têm sequer as suas ações debatidas com o conjunto que paga os impostos. “Não há seriedade na discussão”, indigna-se o líder comunitário. “Não se vê audiências públicas e, quando há, são completamente esvaziadas”.
Os impactos ficam mais evidentes para quem usa diretamente do mar para trabalhar e depende dele para sobreviver: os pescadores. Para Sebastião Vicente Buteri, presidente da Associação dos Pescadores de Barra do Riacho (ASPEBR), o tráfego no mar do local, cada vez mais intenso, deixa pouco espaço para os trabalhadores. “Isso não é bom pra pesca e nem para o meio ambiente”, afirma Buteri. “Não interessam ao governo as pessoas que precisam deste lugar para sobreviver, apenas os impostos que as grandes empresas pagam. Somos contra essa ampliação”.
Além disso, o pescador critica a atuação dos órgãos estaduais de meio ambiente, que só ajudam as grandes empresas e seus grandes projetos, ao invés de cumprir o seu papel de fiscalização ambiental. “Eles estão acabando com uma cultura, com um povo, com tudo”.
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