fonte: seculodiario |
Futuro em risco
Editorial
Ninguém, em sã consciência, pode ser contra empreendimentos que prometem avanços sociais e abertura de oportunidades de trabalho. O que se defende é a negociação com a sociedade quando há no horizonte risco de impactos à qualidade ambiental.
É o que está acontecendo em Barra do Riacho, Aracruz, às vésperas do início dos trabalhos de sondagem para a construção de tanques para armazenamento dos produtos fabricados na refinaria de gás da Petrobras a ser construída em Linhares.
Trata-se de mais um empreendimento na região integrando a lista dos que estão sendo feitos à revelia da comunidade local.
A Petrobras também anuncia para breve a construção de um porto na região de Comboios, onde existem uma área indígena Tupinikim, a principal área do projeto Tamar no Estado e também um espaço para a prática do surfe e exploração do turismo.
Por que nenhum desses projetos foi discutido com a sociedade? Por que não se fez uma única audiência pública ou se estabeleceu qualquer forma de diálogo sobre os projetos que irão impactar diretamente a comunidade e os pescadores da região?
A esta pergunta ninguém responde. Todos ali se revoltam contra a falta de diálogo, fato que levou a comunidade a paralisar as obras de construção de um píer da Petrobras próximo ao Portocel, em 2008, após ser constatado o descumprimento de condicionantes pela estatal.
Fala-se em desenvolvimento e progresso. Mas já se sente na região o perigo de impactos irreversíveis. A presença de peixes, por exemplo, já começa a minguar. E a promessa de aproveitamento da mão de obra local não foi cumprida.
Ou seja, desenha-se no horizonte de Barra do Riacho o mesmo quadro trágico de áreas impactadas por projetos feitos à revelia das vítimas em potencial.
Já há quem veja a Barra do Riacho não mais como um vilarejo de pescadores, mas uma região atingida pela febre do desenvolvimento a qualquer preço.
Ou como a bola da vez no processo de degradação ambiental que se alastrou pelo Estado após a implantação dos chamados grandes projetos em solo capixaba.
A comunidade lembra que, para a construção do seu porto, gasoduto e do terminal GNL, a Petrobras ignorou as recomendações para que cumprisse as condicionantes colocadas em 2008 e que ainda estão sendo ignoradas.
Eis aí um péssimo antecedente do que pode vir em seguida.
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