quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Casagrande acusa governo Hartung de desvio de dinheiro e privilégios a familiares Em entrevista à TV Guarapari, governador fala sobre as passagens aéreas da ex-primeira-dama, da consultoria do ex-governador e do posto fantasma de Mimoso do Sul

Da Redação
09/09/2014 17:06 - Atualizado em 10/09/2014 09:00

O governador Renato Casagrande, candidato do PSB à reeleição, foi o sabatinado da TV Guarapari na série de entrevistas que a emissora vem fazendo com candidatos ao governo e ao Senado. Na noite dessa segunda-feira (8), o clímax da entrevista do socialista ficou reservado para os três minutos derradeiros do programa, quando o candidato faz suas considerações finais.
 
Casagrande surpreende ao fazer, pela primeira vez, acusações diretas ao candidato do PMDB, o ex-governador Paulo Hartung. Com os olhos enigmaticamente fixados na câmara, Casagrande assegurou que no seu governo não há denúncias de desvio de dinheiro público e tampouco privilégios a familiares. 
 
Acompanhe abaixo os três blocos da entrevista com o candidato Renato Casagrande
 
“No governo passado, há diversas denúncias”. E começou a listar. O governador falou sobre oposto fantasma de Mimoso do Sul, obra que consumiu mais de R$ 25 milhões dos cofres públicos, mas que sequer ultrapassou a fase de terraplanagem. 
 
O socialista denunciou também os valores mensais que a consultoria de Hartung recebia de empresas. Não disse explicitamente, mas se referiu as operações que a consultoria de Hartung fez com empresas ligadas ao seu governo. Conforme reportagem de Século Diário, a Éconos Consultoria, movimentou quase R$ 6 milhões em três anos, logo após Hartung deixar o governo. O ex-governador era sócio no negócio com o ex-secretário de Fazenda, José Teófilo. 
 
 
Casagrande não deixou de fora as viagens da ex-primeira dama Cristina Gomes. “Foram 90 viagens para o Rio e São Paulo, nos finais de semana, pagas com dinheiro público. Essas comparações têm de ser feitas. Não é questão de falar mal ou bem. Quando você vai para uma eleição, compara os candidatos, compara as obras, os serviços prestados e também o compromisso com os recursos públicos”, cutucou. 
 
Em recentes reportagens, Século Diário revelou que a ex-primeira-dama Cristina Gomes viajou, entre os anos de 2005 e 2010, 51 vezes para o Rio e para São Paulo, sem a companhia de Paulo Hartung, fora as outras vezes que viajou para essas duas capitais e para o exterior junto com o marido.
 
 
Do primeiro ao último minuto de entrevista, que durou cerca de 45 minutos, sempre que houve oportunidade, Casagrande comparou o seu governo com o do antecessor. “Em quatro anos de governo, fiz muito mais investimentos que nos oito anos do governo passado. Isso mostra capacidade de planejamento, responsabilidade com o dinheiro púbico”. 
 
Ele também procurou exaltar que investiu em infraestrutura e logística e na área social. “O governo passado cuidava só da economia. Nós conseguimos fazer a aliança do econômico com o social”. 
 
Com a mediação do jornalista Ricardo Conde, da TV Guarapari, Casagrande, além de responder a perguntas da produção do programa, de organizações sociais e de outros candidatos ao governo, foi sabatinado ao vivo pelos jornalistas Sandro Venturini (Rádio Sim) e José Rabelo (Século Diário). 
 
Ainda no primeiro bloco, José Rabelo pediu que o governador apresentasse três motivos para o eleitor indeciso votar nele e não no candidato do PMDB. 
 
Depois de enumerar algumas ações que seu governo fez em Guarapari, Casagrande voltou a repetir que fez muito mais investimentos no município do que o governo passado. E destacou: “Quando você vai votar, faz comparação. Essa eleição é isso. É o meu governo contra o governo passado. O cidadão de Guarapari vai verificar que fiz muito mais em quatro anos do que o governo passado em oito”, repetiu. 
 
O candidato do PSB acrescentou ainda que fez convênios com a Prefeitura de Guarapari, mesmo sem ter o apoio político do prefeito Orly Gomes (DEM). “Não persigo prefeitos”, registrou. “O outro candidato [Paulo Hartung] persegue”. Casagrande lembrou que o então governador Paulo Hartung perseguiu o ex-prefeito Max Filho (PSDB) e Neucimar Fraga (PV). “Vila Velha sofreu oito anos no governo passado”. 
 
Fim da unanimidade
 
No segundo bloco da sabatina, o jornalista de Século Diário pediu para o governador explicar ao eleitor de Guarapari onde termina o governo Hartung e começa o dele, já que havia um pacto de continuidade, que foi quebrado depois que Hartung se declarou candidato. Para evidenciar as semelhanças dos dois projetos, o jornalista perguntou sobre o fato de os principais financiadores de campanha apostarem as fichas nos dois candidatos. 
 
Casagrande disse, olhando com convicção para a câmera. “Eu tenho palavra”. O candidato socialista admitiu que vinha fazendo um governo de continuidade, compartilhado com o governo passado. “Dei sequência às obras e aos projetos. Mas comecei a implantar, sem dizer que estava implantando, um modelo novo de governo, preocupado com a área social”. 
 
Ele deu como exemplo os investimentos na área de segurança. “Quando cheguei ao governo, a segurança estava na UTI”. Casagrande falou também do “vazio” deixado pelo antecessor na área de saúde. “Ficamos 30 anos sem abrir um hospital. 
 
O candidato à reeleição disse que Hartung começou o Hospital Jayme dos Santos Neves no último ano de governo. “O São Lucas também começou no final do governo e de forma errada: de trás pra frente. Isso impediu que inaugurássemos partes do hospital”, criticou.
 
Casagrande disse que seu governo foi bom para Paulo Hartung até junho deste ano. A partir de junho, quando Hartung decidiu entrar na disputa, segundo o socialista, o grupo do antecessor começou a fazer críticas à sua gestão. “Quem tem de explicar posição é o grupo do governo passado. A partir do momento em que passaram a fazer críticas ao meu governo, deixei de ser afirmativo para ser comparativo”, justificou. 
 
Ambição pessoal
 
Durante a entrevista, Casagrande arriscou fazer uma reflexão sobre as causas que teriam levado o ex-governador a romper o pacto da continuidade. “Só pode ser por ambição pessoal. Interesse de retornar com um grupo ao poder para governarem sozinhos”. E acrescentou: “Interesse de se beneficiar de privilégios da administração pública para pessoas ligadas ao governo passado e para familiares dessas pessoas”. 
 
No terceiro e último bloco da entrevista o candidato do PSB analisou o “efeito Marina” na sua campanha. Ele ponderou que o bom desempenho da presidenciável do PSB, que está no “calcanhar” da candidata Dilma (PT), segundo as pesquisas, não vai influenciar diretamente no resultado das eleições para governador. 
 
“A colagem do meu nome ao de Marina é um processo que vai até o final das eleições. Não é fácil criar identidade de uma hora para outra entre lideranças”. Ele disse que o processo eleitoral tem diversas variáveis, e o vínculo com a candidatura nacional é uma dessas variáveis. “Não é essa variável que vai definir o processo eleitoral. Aqui no Estado, eu ajudo Marina e Marina me ajuda. 
 
O governador comentou ainda sobre os apoios clandestinos que caracterizam o palanque do seu adversário. Não chegou a citar nomes, mas fazia, provavelmente, menção ao apoio do ex-governador à candidatura ao Senado de João Coser (PT), em detrimento da candidata do PMDB, Rose de Freitas. 
 
O socialista disse que leva vantagem sobre o adversário porque no seu palanque não há apoios clandestinos. “Isso mostra que tenho ética e coerência”. 
 
Casagrande falou ainda abertamente do abandono de Hartung à candidatura do presidenciável tucano Aécio Neves. “O PSDB fez opção para coligar com o PMDB para dar palanque ao Aécio. Cadê o palanque do Aécio?”, provocou. 
 
Em seguida, sem citar o nome ele cobrou a coordenação política da campanha de Aécio no Estado, que é do senador Ricardo Ferraço (PMDB). “Onde está a coordenação de campanha do Aécio? Tem de ter coerência na hora boa e na ruim. Cadê o candidato do PMDB fazendo campanha para o Aécio”, cutucou. 
 
Em seguida, ainda ironizou: “O Aécio está aí sem palanque, sem nada, perdido”. 

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