Marina Silva e Gustavo de Biase, do Rede Sustentabilidade. Foto: Divulgação.
O discurso pós-moderno da candidata Marina Silva tem as ideias do sociólogo polonês Zygmunt Bauman como norte. Para Bauman, o mundo hoje vive uma fluidez que, de certa forma, torna nefasto o poder das antigas e tradicionais instituições políticas. Elas seriam pouco flexíveis e desconectadas da atualidade.
Segundo o sociólogo, vivemos uma era de grande individualismo, na qual as pessoas não querem ser importunadas no direito de seguir o caminho que escolheram para alcançar uma paradoxal felicidade. Essa individualização representa o pior inimigo da velha política, formada na ideia de que a cidadania deve ser construída a partir de uma estrutura baseada em partidos.
Marina utiliza as críticas de Bauman à sociedade como um meio estratégico para formar o que ela vem denominando “nova política”. Um conceito que pretende, ao menos no campo teórico, unir individualidades em uma grande rede participativa. Nessa rede os partidos perdem importância e ganham destaque as características individuais dos agentes públicos. A candidata, sendo pós-moderna, tenta se conectar com o mundo atual, fugindo da robustez dos discursos antiquados. Dessa forma, independente de ganhar ou não a eleição, ela tem alcançado o objetivo de formar a Rede Sustentabilidade, que hoje conta com ramificações em diversos estados.
No Espírito Santo, a principal liderança da Rede Sustentabilidade é um jovem político, de apenas 26 anos, cujas ideias a respeito da esfera pública apontam para a direção conceitual do mundo da “nova política”, da qual ele, mesmo por causa da idade, naturalmente faz parte. Gustavo de Biase é formado em Serviço Social pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e se tornou conhecido quando concorreu à prefeitura de Vitória, pelo PSOL, em 2012.
Na época, fez uma campanha cujo desempenho surpreendeu, dando a ele um espaço legítimo no disputado campo da política. Ao se candidatar pelo PSOL teve contato com lideranças de esquerda de todo país. Foi quando conheceu Marina Silva que, posteriormente, o convidaria para ser o porta-voz da Rede Sustentabilidade no estado.
Entre os capixabas, cerca de 20 mil eleitores assinaram a lista que serviria como base legal para que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizasse a formação do “partido”. No entanto, o TSE não permitiu que a Rede fosse oficializada. Marina acabou por se filiar ao PSB, a convite de Eduardo Campos, e levou seus eventuais correligionários a aderirem ao mesmo partido. Assim, Gustavo de Biase ingressou no PSB e decidiu se candidatar a deputado federal.
Sua campanha tem algumas bandeiras claras, como o fim do pedágio nas rodovias federais e o apoio ao Movimento Passe Livre, que prevê a adoção da gratuidade para o transporte coletivo. No entanto, sua visão política é muito parecida com o que vem sendo pregado por Marina Silva. Ele fala sobre a necessidade de haver uma aproximação com as pessoas fora do contexto partidário, mas de uma forma integrada, que permita um contato direto com as bases. Algo que possibilitaria aos cidadãos se pronunciarem, sem as grandes barreiras hierárquicas que hoje distanciam as pessoas da política.
Essa visão pós-moderna, afinada com o discurso de uma das principais candidatas à presidência da República, tem fortalecido o jovem Gustavo de Biase, que hoje é visto nos meios políticos como um nome em ascensão, com chances de sair vitorioso e conquistar uma vaga na Câmara dos Deputados. Seu grande desafio frente à Rede Sustentabilidade é manter suas ideias sem ceder às pressões e encantamentos da velha política. O mesmo desafio que sua mentora, Marina Silva, terá nos próximos anos. Se vão conseguir, só o tempo dirá.
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