A Aracruz Celulose/ Fibria em Barra do Riacho
Desde a inauguração da Aracruz
Celulose, com o passar dos anos e com a construção de novas unidades fabris, a
empresa precisou aumentar seu consumo de água e de terras para plantar o
eucalipto. Quanto mais ela expande sua capacidade produtiva de celulose
branqueada de eucalipto, mais água ela necessita. Hoje existem no município de
Aracruz, em Barra do Riacho, três fábricas: a Fábrica A, inaugurada em 1978; a
Fábrica B, em 1991 e a Fábrica C, em 2002. Esta última acentuou ainda mais os
impactos socioambientais na região, especialmente no que diz respeito ao
consumo exacerbado de água, que interferiu ainda mais na vida dos pescadores através
de desvio de água do rio Riacho e construção do canal caboclo Bernardo,
direcionando-a para os reservatórios. Além disso, os rejeitos industriais são
outro problema para a comunidade em geral de Barra do Riacho.
A fim de contextualizar o
processo de implantação da monocultura de eucalipto com fins industriais para
produção de celulose no Espírito Santo.
Observa-se que aproximadamente
30% da floresta nativa Foi substituída
pelo monocultivo do eucalipto.
IBGE constatou que dos 66,3% do território capixaba
cobertos por floresta nativa no ano de 1950, restaram somente 8,5% em 1970.
Percebemos então como a Aracruz Celulose contribuiu para o desmatamento das
matas nativas, abrindo então caminhos para a expansão da monocultura de
eucalipto.
“(...) A mesma atua compactuada com lideranças de instituições locais, capitaneadas
pelo seu capital econômico nos eventos das mesmas e não deixa passar a
oportunidade de fazer seu Marketing na entrega de mudas de árvores pra mascarar
seus crimes supracitados”, Tavares.
Poucos em nossa comunidade sabem
como foi o início e com quais recursos a Aracruz Celulose “Fibria” começou a
nos matar a cada dia. Em 1978, a fábrica de celulose é inaugurada no estado, em
Barra do Riacho, Aracruz, após negociações entre o grupo norueguês Lorentzen,
Jaakko Poyry da Finlândia e Billerud-A.B. da Suécia durante a
Ditadura Militar no Governo
Geisel (que esteve pessoalmente na inauguração), promovendo um financiamento de
337 milhões pelo BNDE do total de US$536 milhões do empreendimento (FASE,
2006). Na época, esse foi o maior financiamento já concedido pelo banco estatal
para um único empreendimento industrial privado.
Além de afetar negativamente a
Mata Atlântica através dos desmatamentos e de impactar os rios e córregos da
bacia hidrográfica, a fábrica impactou a vida de milhares de indígenas que
viviam na região. Aliás, a aldeia de Macacos foi completamente destruída para
dar lugar à fábrica da Aracruz Celulose, ou seja, foi expulsa de seu território
pela ordem hegemônica que propiciava a presença da indústria. A água sempre
foi, desde o início da operação, um elemento fundamental para a execução do
processamento industrial da celulose. Falar da fábrica sem se referir ao
consumo exagerado de água não é possível, pois essa é a base da produção.
Segundo estudos da FASE (2006), em relação às obras de abastecimento de água
para a empresa, essa era uma das etapas que estavam mais adiantadas no período
da inauguração de 1978, através da canalização e desvios dos rios e córregos da
bacia do rio Riacho. Entretanto os relatórios da Administração da Aracruz
Celulose quase nada abordavam sobre o assunto ou sobre os conflitos gerados na
região e na bacia hidrográfica do Rio Riacho.
O crescimento urbano desordenado
e os conflitos sociais passaram estar presente em Aracruz, principalmente em
Barra do Riacho, devido à implantação do complexo fabril, vindo a residir no
local várias pessoas de diversos lugares com intuito de trabalhar
temporariamente para a Aracruz Celulose, em sua grande maioria homens.
Antes do começo da construção da
Aracruz Celulose, viviam em Barra do Riacho cerca de 2.000 pessoas. Com o
início das obras a população saltou para mais 10.000 pessoas, atraídas na época
para compor o quadro de mão de obra da fábrica (FASE, 2006). Segundo dados da
empresa, no auge da obra eram 13.996 trabalhadores, incluindo os “peões” de
várias partes do país, trabalhadores e técnicos estrangeiros (idem, ibidem). A
partir daí, a dinâmica local passa a ter novos elementos, devido ao grande
contingente de pessoas, gerando uma urbanização desordenada e hierárquica,
trazendo então novas formas de relações, violência e prostituição (uma vez
que a presença de trabalhadores homens era bem expressiva).
De acordo com Coutinho,
Em sua urbanização sociopática, Barra do Riacho viu-se forçada a viver
uma ‘revolução sexual’, conhecendo estupros, seduções e ataques as casas
familiares pobres da periferia por bandos de 10 a 20 homens. Para evitar isso,
logo teve que aceitar a instalação de casas de prostituição nos limites do
povoado(...) outra consequência foi a chegada de drogas e traficantes, a
violência civil e policial, além de assassinatos e agressões variadas (2000, p.
317).
O Portocel é gerenciado a partir
da parceria da Fibria (51%) com Cenibra (49%). Ele possui uma estrutura com
500.000m², composta por armazéns, prédio de administração, tanque de
abastecimento dos rebocadores, berços de atracação de navios, dolfin de
amarração de barcaças e terminal de barcaças (RIMA, Portocel II, p3, 2007).
Existe também uma linha férrea, conectada à ferrovia Vitória-Minas, por onde
são movimentadas cargas de empresas localizadas em Minas Gerais.
Com o porto, o acesso à praia foi
dificultado para os moradores e visitantes, tendo a passagem por automóveis
fechada. A praia da Barra, na foz do Riacho, também possuía outro nome, era
chamada de Praia das Conchas e era bastante frequentada, pois não tinha tanta
poluição como atualmente.
Em nosso entendimento é muito
contraditório, uma empresa que tanto degrada o meio em que vivemos dizer que
vem reparando seus erros com a comunidade, dar mudas de plantas, pra um lugar
que nem tem mais a onde plantar as arvorezinhas graças a própria empresas que
nos cercou e que nos oprime. O pior é ver pessoas sendo enganadas por
lideranças capitadas em um grupo formado pela Aracruz Celulose, “Engajamento”,
a onde se apropria dos projetos das instituições locais, lançam a logomarca da
empresa e aniquila a instituição. Exemplos os mutirões, vem à mídia marrom,
autoridades eleitoreiras, lideranças de ternos e gravatas de sapatos bem engraxados
pra participarem de um mutirão, é obvio que de fato os únicos a participarem
efetivamente do trabalho braçal dessa atividade é o pobre de pé descalço que
colocará seus pés e mãos no lixo que esta as margens dos rios das vias enquanto
os reais responsáveis pela poluição estão na primeira fila do evento,
compactuando ou mesmo que contribuindo para tal impacto ou fazendo de que nada
sabem como bobos da corte.
Com a maioria das instituições
alienadas ao seu sistema a fábrica de celulose vai maquiando uma
responsabilidade ambiental com um cheque em branco dado por entidades que representa a maioria dos impactados, a empresa usufruí de outros artifícios
publicitários, além de obter títulos e prêmios de “responsabilidades
ambientais” (Selos Verdes), apesar de violar vários direitos sociais / humanos
e de destruir boa parte da floresta atlântica do estado desde a década de 1960.
Muitos camponeses, indígenas, quilombolas, trabalhadores diversos e pescadores
foram muito prejudicados, sofreram sérias implicações em seus territórios, além
da concentração fundiária da empresa, causaram então pressão aos órgãos
públicos com o apoio de Organizações não governamentais (Ongs) e igrejas.
De acordo com (FASE),
Mesmo com tamanha devastação de
diferentes categorias, a primeira multa da história da empresa foi feita
somente em 24 de março de 1991 pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, sendo
posteriormente multada alguns meses depois por lançar clandestinamente
efluentes industriais sem o menor tratamento no córrego do Engenho, sendo esse
despejo de rejeito feito de forma clandestina.
Com o passar dos anos, em meio a
década de 1990, a Aracruz Celulose conseguiu apoios políticos locais e regionais
de maneira a continuar sua racionalidade mercantil-industrial através de
financiamento de campanhas eleitoreiras em todos os âmbitos políticos,
participando de fóruns e espaços “educativos-ambientais”, elaborando projetos e
pesquisas em conjuntos com entidades particulares e até mesmo com a UFES. “jogo
de favores e trocas políticas” estava acordado, visto bem nos dias atuais
explicitamente e mais fortes em Barra do Riacho. Já é comum no cotidiano da pesca artesanal,
entretanto para a lógica da racionalidade empresarial esses são inviabilizados
ou mesmo categorizados como “resíduos tratados” que estão dentro dos padrões
exigidos pelos órgãos fiscalizadores. Isso é um problema semelhante aos de
licenciamento ambiental. Tira-se as licenças e paga-se para poluir. Ou ainda,
se estabelece padrões aceitáveis de poluição, admitindo que o que basta são
ajustes técnicos sem se discutir o modelo como um todo. Um fato que ocorreu em
1997, de acordo com a FASE (2006), foi o vazamento de 20000 litros de um licor
negro contendo soda cáustica e sulfeto de sódio que deixou no mar uma coloração
negra que matou milhares de peixes e camarão. A pesca nesse período ficou
comprometida e a Aracruz Celulose não tomou nenhuma providência ou foi
penalizada pelo descarte inadequado do produto químico
De acordo a Federação de Pesca
do Espírito Santo,
Que se posicionou em janeiro de 2010 contra os
novos projetos, devido aos vários problemas que serão gerados para a pesca e o
ambiente, como a supressão da faixa de vegetação litorânea (degradação da fauna
e flora da restinga), aniquilamento de uma estrutura rochosa constituída por
concreções limoníticas, que é um ponto de reprodução de espécies endêmicas e é
frequentada pelo camarão rosa, polvos e várias espécies de peixes; além de ser
um dos pontos de alimentação das tartarugas ameaçadas de extinção das espécies:
tartaruga-de-pente, tartarugacabeçuda, tartaruga-verde, tartaruga-de-couro
entre outras. Na ocasião os pescadores fizeram a denúncia e protocolaram um
documento junto ao IEMA e ao IBAMA.
Dona Margarete, em entrevista realizada
em 22/01/2012, “Barra do Riacho é um lugar esquecido pelo Estado, aqui quem
manda é as empresas” (VIEIRA,2012, p.61)
Estudos
Técnicos:
A atividade de produção de
celulose, como já foi comprovado em diversos estudos acadêmicos e científicos,
consome uma enorme quantidade de água, aproximadamente 248000 m³ por dia (FASE,
2006, p.24). Com a efetivação operacional das atividades da terceira fábrica da
Aracruz Celulose, esta providenciou anteriormente, numa parceria conjunta com
as prefeituras municipais de Aracruz e de Linhares, um plano para seu
autoabastecimento Para maior conhecimento ler relatório da AGB: Impactos da
apropriação dos recursos hídricos pela Aracruz Celulose nas terras indígenas
Guarani e Tupinikim – ES. 2004; H2O para celulose X água para todas as línguas
– o conflito ambiental no entorno da Aracruz Celulose S/A – Fase, 2006; Aracruz
Credo: 40 anos de violação e resistência no ES- Vitoria. Rede Brasil de
instituições financeiras multilaterais, 2011; entre outros inúmeros materiais
como os produzidos pela Rede Alerta Contra o Deserto Verde. Denominado de
Projeto de Aumento da Disponibilidade Hídrica nas Várzeas do Riacho nos
Municípios de Aracruz e Linhares.
A estiagem no norte do
estado estava intensa nos anos anteriores a construção do canal. O próprio
desmatamento em larga escala contribuiu para esse fato. A média de precipitação
pluviométrica dos anos de 1996 (1364mmm), 1997 (900mm), 1998 (886) e 1999
(1288mm) estavam abaixo da média dos últimos 20 anos (REBELLO, 2006, p.41) e
essa era uma preocupação para a empresa.
Como as águas da bacia do
Rio Riacho não seriam suficientes para o abastecimento da ampliação de sua
capacidade produtiva (Fábrica C), a empresa recorreu a uma estratégia que transpunha
águas de uma bacia hidrográfica Federal, águas do Rio Doce, canalizando em
direção ao Rio Riacho. O Rio Doce nasce no estado de Minas Gerais e possui 944
km de extensão, desaguando entre Regência e Povoação, em Linhares (IEMA, 2010).
Foi no ano de 1999 que a
empresa abriu um canal no Rio Doce, mais especificamente na fazenda Monterrey,
município de Linhares, chamado de “Canal Caboclo Bernardo”31 (19 30’ 08.65’’S;
39 54’38.89” O) que leva água através dos antigos canais do Departamento Nacional
de Obras Contra a Seca(DNOCS32), desaguando no Rio Comboios (que era livre de
poluição) e no Rio Riacho, até as represas que abastecem a fábrica. Essa
engenharia produziu inclusive a inversão de alguns cursos d’água que passaram a
“subir” através de bombeamento até a água chegar as represas. Esse canal está
construído a cerca de 22 km da foz do Rio Doce possuindo, a alguns metros
depois do canal, uma estação com três comportas que pode regular a quantidade
de água percorrida. Para evitar possíveis erosões, já que a mata ciliar foi suprimida,
a empresa instalou nas duas margens do canal, barras de ferro. O nome do canal foi apropriado da figura
cultural de um nativo pescador (ironicamente) chamado Caboclo Bernardo Jose Santos do povoado de Regência,
em Linhares, que conseguiu junto com outros moradores, salvar centenas de
tripulantes de um navio imperial marinheiro que naufragava no mar no ano de
1887.
Os canais do DNOCS haviam
sido construídos na década de 1960. Após sua desativação, o mesmo foi
recuperado e apropriado, objetivando atender a demanda de água do complexo de celulose.
Cabe ressaltar que um trecho de aproximadamente 15 km do Rio Riacho foi também canalizado
pelo DNOCS.presas a cordas de aço, precavendo-se de possíveis deslizes de terra
que poderiam afetar a quantidade de água que seria necessária para seu consumo industrial.
Segundo Rebello (2006), após
as três comportas, a água flui até o canal Bananal do Sul (construído pelo
DNOCS em 1972) e deságua no Rio Comboios, e outra parte é direcionada ao canal C3,
que deságua na confluência do canal C4 e C5 (construído pelo DNOCS em 1970) com
o Rio Riacho.
Figura 2 Compotas
Esquema 1- Apropriação da
água através do Canal Caboclo BernardoFonte: Vilarinho (2005, p.17) apud
Maracci (2010, p. 15)
Em outras palavras podemos
afirmar que houve então uma transposição de bacias hidrográficas, levando águas
do Rio Doce que juridicamente pertence à União aos Rios Comboios e Riacho que
pertencem ao Estado, alterando o comportamento hídrico da região, de acordo com
os estudos da AGB (2004).
Segundo Maracci (2010), os
canais do DNOCS foram construídos com o objetivo de drenar água das áreas
pantanosas, direcionando os fluxos hídricos ao Rio Riacho, tendo como objetivo
final a ampliação da área agrícola e da pecuária bovina. Esses canais foram responsáveis
por secar áreas de várzea, alagados e lagoas que eram ecossistemas riquíssimos.
Além de alterar a dinâmica hídrica, prejudicaram as comunidades que utilizavam
esses ambientes com práticas agrícolas e de pesca.
Hoje, o mesmo é
reaproveitado principalmente para atender a demanda de água da fábrica. Toda a
água flui apenas por gravidade no percurso corrido nos canais; o que foi
preciso fazer foi apenas a manutenção recuperativa dos mesmos. Para tal feito,
não foi elaborado nenhum EIA/RIMA, conforme determina a Resolução do Conama (n°
001 de 23.01.86, artigo II, parágrafo 8) e a população da região, incluindo os
pescadores, não foi consultada ferindo 68também a lei estadual de Meio Ambiente
em sua seção IV, artigo 187 que diz que as comunidades locais impactadas devem
ser consultadas. A obra foi realizada com autorização da Secretaria para
Assuntos de Meio Ambiente (SEAMA), solicitada pelo município de Aracruz.
Industrial da Aracruz
Celulose
Fonte: Maracci (2010)70
Oficialmente para a
apreciação da SEAMA, a iniciativa da construção do canal foi da prefeitura de
Aracruz que apresentou somente uma Declaração de impacto Ambiental (ao invés do
EIA/RIMA). Com isso, através do advogado da OAB Sebastião Ribeiro, foi
concluído que o suposto licenciamento estava repleto de irregularidades ferindo
os princípios de legalidade ambiental conforme discutido também na CPI da
Aracruz em 2002. A situação, com as obras, se agravou, como nos conta um
pescador, “os peixes vão diminuindo no mar e se extinguindo no rio, águas para
as represas particulares se vão ao mesmo tempo que falta água para desaguar na
boca da barra (foz do rio Riacho)” (depoimento de um pescador realizado em
28/03/12).Essa transposição foi objeto de conflito também entre a empresa e a aldeia
indígena Tupinikim de Comboios, uma vez que o rio, antes da construção do
canal, era fonte de fartura alimentar principalmente de peixes e camarão. A
adução de águas do Rio Doce causou outros transtornos à população indígena,
como o alagamento das antigas margens do rio, dificultando a mobilidade dos
barcos.
A redução do pescado foi
sentida, reduziu-se a presença no rio de camarão Pitú e de peixes como o Robalo,
Traíra, Crumatá e Tucunaré. O entorno do rio, que era composto de várzea,
brejos e pântanos que faziam parte da dinâmica da agricultura dos indígenas,
foi afetado devido à vazão de água, comprometendo sua produção de alimentos. De
acordo com o relatório da AGB (2004), antes da construção do canal era possível
beber, pescar e tomar banho, bem como realizar outros afazeres no Rio Comboios.
Hoje, a qualidade já não é a mesma. O robalo é um peixe de água salgada,
entretanto se procria em água doce de rios e manguezais.
Após mais de uma década da
construção do Canal Caboclo Bernardo,através da decisão do Juiz da 4ª Vara
Federal Cível do Espírito Santo, Dr.Francisco de Assis Basílio de Moraes,
publicada em 14/07/11 no Diário Oficial, a ex-Aracruz Celulose - atual Fibria -
e o município de Aracruz foram condenados por não realizarem EIA/RIMA quando
fizeram a transposição de águas do Rio Doce para a bacia do Rio Riacho. De
acordo com a Ação Civil n°6001 - Registro NR. 000270/2011. III, o prazo para
realização do EIA/RIMA é de seis meses sob pena de multa diária e solidária que
varia de R$ 10.000,00 até o montante de R$ 100.000.000,00. A Fibria terá de
arcar com todos os custos para a confecção do EIA/RIMA e juntamente com o
município de Aracruz, terão obrigação de elaborar, de maneira contínua, a
canalização das águas do Rio Doce para os Sistemas de Abastecimento Público dos
distritos de Vila do Riacho e Barra do Riacho e da limpeza dos antigos canais
do DNOCS para aumento da disponibilidade hídrica nas várzeas do Rio Riacho. O
prazo já venceu e até o momento nenhum estudo ou medida foram feitas. No ano
2002, o Ministério Público Federal (MPF) analisou o processo de transposição
das águas do Rio Doce para o Rio Riacho, apontando então várias irregularidades
nas licenças ambientais de localização e instalação, concedidas pela SEAMA, mas
na ocasião a empresa não foi condenada, ficando arquivado o processo.
Nessa última ação movida
pelo MPF, a Fibria entrou com um recurso justificando que não havia danos
comprovadamente provocados pelo Canal Caboclo Bernardo na bacia do Rio Riacho,
que justificasse a elaboração de EIA/RIMA. O Tribunal Regional Federal decretou
uma sentença que suspendeu a obrigação da elaboração do EIA/Rima, após pedido
da empresa, com isso, atualmente o processo encontra-se pendente.
Atualmente, a Fibria não
paga nenhum centavo para captar água do Rio Doce, para seu benefício (AGB,
2004). De acordo com o Plano Nacional de Recursos Hídricos, compete a Agência
Nacional das Águas (por se tratar de uma bacia hidrográfica de domínio da
União) esse papel através da política da outorga da água. Segundo o Ministério
do Meio Ambiente.
A outorga tem o objetivo de
assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água, superficiais
ou subterrâneas, e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. É o ato
administrativo pelo qual o poder outorgante concede ao outorgado o direito de
uso do recurso hídrico por prazo determinado e conforme os termos e as
condições expressas no ato (2006, p.29).
Nota-se então que a Fibria
não cumpre com a legislação brasileira, pois de acordo com a Lei n° 9433/97,
Seção III, ela deveria pagar pela captação diária de água do Canal Caboclo
Bernardo, desde a sua abertura em 1999.
Veja abaixo a legislação:
Artigo
12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos
de recursos hídricos:
I –
Derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para
consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo
(grifo nosso).
A empresa questiona que não
utiliza toda a água captada, por isso nunca pagou nada e não pretende pagar
pela vazão que entra no canal, que segundo ela é utilizada pelas fazendas da
região e pelas comunidades no entorno. Em 2010, todos os usuários da Bacia do
Rio Doce foram cadastrados pela Agência Nacional das Águas (ANA) e pelo IEMA,
tendo como objetivo racionalizar água, incentivando a investir na proteção dos
mananciais. Essa cobrança é justificada para aplicar medidas e recursos na
política de preservação da bacia em Minas e no Espírito Santo, área de abrangência
totada mesma. Entretanto, alguns conflitos emergem em torno desta medida entre a
empresa e os órgãos responsáveis. Não se sabe quando vai ser firmado algum
acordo, provavelmente pelo amplo poder político que a Fibria possui.(VIEIRA,
Henrique, 5.3.1 a 5.3.2 )
O discurso da
sustentabilidade que tanto se houve falar atualmente, nada mais é que a
sustentabilidade econômica (e não ambiental) dos projeto e empreendimentos
capitalistas em vigor e os que estão para ser construídos.
O discurso do verde de
preservação é um tipo de jogada de marketing e funciona como bula para as
empresas. O resultado disso é a destruição.
No dia 10 de outubro de 2008 a ASPEBR
realizou um protesto, indignada com a situação degradante em que se encontra a
pesca e também pelo total assoreamento da Boca da Barra que durou alguns meses.
Cerca de 90 pessoas estiveram presentes no ato que impediu o acesso das
carretas de celulose ao Portocel. O grupo do OCCa, Projeto de Extensão do
Departamento de Geografia da Ufes, do qual o autor fazia parte, esteve
presente, realizando algumas filmagens e dialogando com os pescadores,
procurando entender a relação conflituosa existente.
quarta-feira, 21 de março de
2012
“Fibria doa viatura à polícia para tentar
silenciar comunidade em Barra do Riacho” Flavia Bernardes
“A doação de uma viatura à Polícia
Militar pela Aracruz Celulose (Fibria), nesta quinta-feira (15), em Barra do
Riacho, município de Aracruz, foi marcada por uma forte reação da comunidade
pesqueira da região. Segundo os pescadores, a empresa ocupou a área de pesca,
represou, assoreou e agora quer ocupar a única praia da região com a expansão
do Portocel II.
Segundo os pescadores, a doação da
empresa faz parte do projeto “Engajamento da Barra do Riacho”, mantido pela
empresa, na tentativa de calar a população sobre os impactos que serão gerados
na região da Praia da Conchinha, onde a empresa quer ampliar o seu porto.
“Nós não aceitamos esmolas. Sabemos que
a intenção deste ato é a de tapar os ouvidos do poder público para as
reclamações dos moradores e pescadores da região. Uma vez que o Rio Riacho está altamente degradado por suas atividades. A Aracruz quer
ocupar a praia e sabe bem os impactos que isso irá gerar”,
disse Sebastião Buteri,
presidente da Associação de Pescadores
da Barra do Riacho.
Os pescadores explicam que a região da
Barra do Riacho está sendo tomada por grandes empreendimentos. “Primeiro a
Aracruz Celulose roubou água, assoreando o rio; em seguida, o
Portocel I criou uma área onde não podemos navegar, pois é intenso o tráfego de
embarcações na região. Depois veio a Jurong com seu estaleiro em área de
relevante importância ambiental e agora a Aracruz, novamente, querendo ocupar
também a Praia da Conchinha, única área de lazer natural da região e refúgio
dos barcos de pescadores”.
Com carro de som e cartazes, os pescadores chamaram a atenção durante a
solenidade de entrega da viatura à PM ao alertarem para o perigo gerado pelo
assoreamento do rio, que impede os pescadores de saírem para o mar. E,
mesmo pedindo força policial, representantes da Fibria foram obrigados a ouvir,
que além do rio, o ar e a terra da região também foram poluídos devido ao
descaso da empresa com os moradores da região.
Os pescadores sofrem há dez anos com a
subtração de água do Rio Riacho, que é desviada pela Aracruz Celulose para
abastecer suas indústrias, deixando os pescadores até 30 dias sem poderem sair
com os seus barcos para o mar.
Com um histórico de sofrimento com os impactos ambientais na região, eles
reclamam que as indústrias se instalam sem diálogo e vão oprimindo as
comunidades tradicionais a qualquer custo.”
Figura 3 foto: festa dos pescadores
Quanto custa vender a
própria pátria?
Pergunta que não quer calar,
pois bem, Pescadores, Moradores, Alunos, Idosos, Jovens, Homens, Mulheres,
Desempregados, Desalojados, Moradores da Beira Rio, Usuários da Quadra de Esportiva
de Barra do Riacho, Escolas, Pré Escola, Creche, Comerciantes, Igrejas,
banhistas do rio Riacho e da praia e outros a pergunta é a seguinte, qual a
mudança pra melhor que a Aracruz Celulose “Fibria” fez em sua vida?
O que mudou em sua vida com
os últimos eventos promovidos pela Aracruz Celulose “Fibria” e entidades capitaneadas?
As poucas esmolas pagas, as instituições, paga
ou extingue todos os crimes causado pela empresa em nossa comunidade e
adjacências?
Quem de fato ganha com estes
eventos que maquia a Aracruz Celulose “Fibria” como defensora e salvadora da Pátria?
Por que em determinados
momentos entidades são contras os grandes poluidores em outros são tão a favor
quanto, por tão pouco ou quase nada?
Se a Aracruz Celulose “Fibria” esta realmente
preocupada com a vida do rio Riacho, por que a mesma não despolui todo rio com
seus próprios recursos já que não paga nenhuma gota d’água que capita do rio de
acordo com o Art. 12, legislação supracita?
Rio Riacho em Barra do Riacho pede socorro
A imagem é preocupante. O Rio Riacho em Barra do Riacho - Aracruz está uma situação complicada. Vem sofrendo diversos impactos ambientais decorrentes da ação antrópica, como a implantação de indústrias e principalmente, lançamento de efluentes sem tratamento nas margens do Rio, responsáveis pela poluição orgânica e de metais pesados das águas. Nossa comunidade quer mobilização das autoridades e empresas locais para um Projeto de revitalização e conscientização da população a respeito do problema.
A Região hidrográfica do rio Riacho apresenta uma área de aproximadamente 2.136 km². As bacias componentes da região hidrográfica são as seguintes: córrego Biririca, rio Laranjeiras, rio Piraquê-açu, córrego Sauê, córrego Barra do Sahi, córrego Piranema e rio Riacho. As duas maiores bacias são as dos rios Riacho e Piraquê-açu. O rio Riacho é um corpo hídrico formado pela Lagoa do Aguiar, que tem dentre seus tributários os seguintes cursos de água: córrego Quartil, rio do Norte, córrego são José, córrego Guaximba e córrego do Índio
Em Barra do Riacho situa-se a maior bacia pesqueira do município, onde encontra-se peixes nobres como o dourado, o namorado e o marlin além de camarões sete barbas e lagostas. Devido ao desmatamento das matas ciliares e da consequente ocorrência de assoreamento dos cursos de água, as comunidades situadas na foz do rio Riacho estão sujeitas a sérios riscos de enchentes com prejuízo inclusive para a colônia de pescadores existente.
Cristiano Alvarenga |
Cristiano Alvarenga |
Cristiano Alvarenga |
http://barradoriachonews.blogspot.com.br/2013/01/rio-riacho-em-barra-do-riacho-pede.html
Conclusão Final:
Quem anda lado a lado com os predadores, predadores são! Quem Promove Poluidores, Poluidores São!
Comunidade e Categorias Organizadas não permita que sejam massas de manobras de Vale Brindes "Ecológicos".
Referências,
VIEIRA
, Luiz Henrique,
OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DOS EMPREENDIMENTOS
INDUSTRIAIS NA COMUNIDADE DE PESCADORES ARTESANAIS DE
BARRA DO RIACHO - ARACRUZ-ES
barradoriachonews.blogspot.com.br
obarrense.blogspot.com.br
obarrense.blogspot.com.br
www.seculodiario.com
ARACRUZ, BARRA DO RIACHO, 30/06/2013
Aracruz Celulose "Fibria", Não nos Representa.
ONG AMIGOS DA BARRA DO RIACHO
Um comentário:
Uma conta rápida, segundo a Fibria ela tem a outorga da Agência Nacional das Águas e a tal transposição do Rio Doce captar água "numa vasão de 5,5 m³ por segundo"( jornal "A Tribuna" 21/10/205), por ano um total de 155.520.000 milhões de m³. Segundo a ONU, uma pessoa precisa em média de 3,3 m³ por mês, um total de 39,6 m³ por ano. dividindo 155.520.000 dividido por 39,6, se essa água fosse captada e tratada, seria possível abastecer uma cidade com 3.927.277 habitantes. Pois é o ES segundo estimativa do IBGE, tem 3.885.049. a água utilizada pela Fibria daria pra abastecer o ES durante um ano. segundo o Governo do Estado, existe restrições para o uso da água para a atividade industrial, será que a Fibria será poupada.
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